quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A Casa

Vi ao longe uma casa abandonada, mas estava viva, sentia-a chamar-me e caminhei para ela, bati á porta e sem pedir licença entrei, percorri os corredores estreitos e curtos, pareciam afunilar-se desde o início, tinha medo de ficar presa e sentir-me sufocada mas continuei, os meus medos são vencidos pela minha curiosidade.
Uma luz espreitava por uma porta castanha semiaberta estava velha, ouvia-a gemer de sofrimento ( morria lentamente...), peguei na maçaneta com cuidado não fosse ela também querer morrer nas minhas mãos , devagar fui abraçando a porta puxando-a para mim, sentia o seu ranger de prazer enquanto rasgava o chão, por fim aberta, entrei, era a luz da escuridão a chamar por mim, suspirei, dei um passo, e entreguei-me ...


(...)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

A Caixa

Tenho uma caixa quadrada com um fundo profundo com estrelas brilhantes e cintilantes, no fundo da caixa tenho uma flor , ela é pequena , é nova, é um botão com uma casa, vive lá uma formiga, igualmente pequena , sente-se apertada , sufocada e triste, coitada , nem vive , vai sobrevivendo.
Dentro dessa caixa que afinal não é quadrada , também tenho um tesouro, é escuro e chato e infinito e incomoda-me , mas gosto dele, é meu e orgulha-me. No outro dia mostrei-o á minha borboleta , aquela que morreu a semana passada, ainda a guardo no bolso roto das minhas jardineiras cor-de-rosa rasgadas no joelho, nunca gostei delas, são bonitas, bonitas demais, até têm o meu nome bordado com letras desenhadas na alça direita.
Mostrei-lhe o meu tesouro mas ela nem quis olhar para ele , talvez por ser meu, é invejosa, mas eu ignoro-a , com as borboletas tem de ser assim mesmo, têm a mania, deve ser por saberem voar , eu não lhes dou grande valor. Eu também sei voar.
No canto dessa caixa ,que já me pareceu quadrada e depois rectangular, mas vista agora de uma outra perspectiva parece-me redonda, pronto admito, não compreendo as caixas, mas isso agora também não interessa, outro dia penso nisso, como ia a dizer no cantinho dessa caixa está um segredo, é o meu segredo, e vai deixar de ser meu, e vai deixar também de ser segredo, porque preciso de contá-lo. No meu último voo tirei os pés do chão, já tinha voado muitas vezes mas não assim, quando cheguei ao céu, e lamento desapontar os que nunca voaram e aqueles que gostam tanto do céu azul, confesso-lhes: - ele não é azul, é uma paleta de cores claras aguarela, é uma paleta e uma tela burrada, mas é igualmente bonito.

- Agora só gostava de saber como aterrar...


p.s : Outro dia ouvi alguém falar de algo parecido com o meu tesouro, chamaram-lhe vazio, ainda se vão arrepender de lhe terem dado um nome quando o perderem.

domingo, 4 de novembro de 2007

Começo

- Princípio do Começo

- Fim do Começo


Bom Dia,